A história do esporte brasileiro com a Paralimpíada vem desde a primeira edição dos Jogos, em 1972, na cidade alemã de Heidelberg. Naquela época, a sede do evento não era a mesma da Olimpíada, sistema que permaneceu por quatro edições, mudando em Seul’88, quando as sedes se uniram. Em 12 disputas, foram 271 pódios, sendo 71 de ouro. Paulista que cresceu em Camanducaia, no Sul de Minas, o nadador Daniel Dias tem papel especial nesta história: tornou-se o maior ganhador do Brasil nessas competições, com 24 medalhas, aí incluídas as nove que conquistou no Rio’2016 – são 14 de ouro, sete de prata e três de bronze. Como ainda disputará pelo menos mais uma edição, em Tóquio’2020, a expectativa é que amplie consideravelmente seus números.
Daniel nasceu em Campinas, mas seus pais se mudaram para a mineira Camanducaia com ele ainda pequeno. Lá, apaixonou-se pela piscina e passou a nadar. Seus resultados começaram a chamar a atenção em 2005, quando acabou sendo convidado a mudar-se para São Paulo, onde passaria a treinar. Acaba convocado para disputar o Campeonato Mundial Paralímpico de Durban’2006, na África do Sul. Lá, o mundo começaria a conhecer Daniel. Foi onde começou a se tornar campeão. Disputou três provas: 100m classe S5, os 200m medley e o revezamento 4x50m livre classe 20 pontos. Foi medalha de ouro em todas.
No ano seguinte, seria a vez do Parapan-Americano do Rio. Surpreende ainda mais. Cai oito vezes na piscina e, quando terminam as provas, tem oito medalhas de ouro. Aos poucos, vai se tornando um competidor emblemático. Isso chama a atenção para a natação paralímpica, principalmente porque o Brasil já tinha uma referência com Clodoaldo Silva, que desde Sydney’2000 era como se fosse um peixe solitário brigando pelos pódios. E os resultados de Daniel servem de inspiração para Clodoaldo, que passa a ser chamado de “Torpedo”, pois conquista, a exemplo do amigo, pódio atrás de pódio.
Chegar à 24ª medalha tem um significado especial para Daniel, pois tornou-se o recordista da natação paralímpica. A marca anterior, 23, era do australiano Matthew Cowdrey, já aposentado. Mas ele quer mais e confessa ter planos para estar em Tóquio’2020. “Quero estar em Tóquio. Meu ciclo olímpico terminará dentro de poucos dias, que estou tirando para descansar. Quero continuar a fazer o que sei e mais gosto, nadar.”
CRESCIMENTO
O Brasil participa dos Jogos paralímpicos desde a sua primeira edição. O esporte paralímpico era então pouco conhecido por aqui. Os atletas eram pessoas que praticavam o esporte por conta própria, por incentivo das famílias. E assim, em Heidelberg’72, eram 20 atletas. Como não existia uma preparação adequada, não houve qualquer resultado expressivo. O esforço era reconhecido e a partir daí inicia-se no Brasil um planejamento mínimo.
O primeiro resultado veio em Toronto’76, quando a dupla Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos Curtinho conquistou a primeira medalha, uma prata, numa disputa que não se conhecia no país, o lawn bowls, uma espécie de bocha na grama. No Brasil, era praticado por deficientes físicos no chamado Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro. A delegação tinha 33 atletas.
De lá até o Rio de Janeiro, muitas conquistas, e o grupo de paratletas brasileiros só aumentou. No Rio, foi batido o recorde de brasileiros na Paralimpíada: 465. A marca anterior era de 188, em Pequim’2008. No evento carioca, o total de medalhas foi o maior, com 72. Mas não foi o mais alto desempenho, que se mede pelo total de ouros. Assim, a melhor participação do Brasil foi em Londres’2012, quando obteve o sétimo lugar, com 43 medalhas, sendo 21 douradas. Em Pequim’2008, o nono lugar, com 47 medalhas, 16 ouros. Em Atenas’2004, 14º lugar, com 33 medalhas, sendo 14 de ouro.Fonte: Superesportes